Em meu programa de rádio, Mulher de Corpo e Alma, na semana passada, eu não poderia deixar de ter falado sobre essa ferida aberta em nosso país (aliás, no mundo), a cultura do estupro.
O programa Mulher de Corpo e Alma é um projeto social que visa esclarecer temas sobre a sexualidade com foco na saúde e na qualidade de vida.
Hoje em dia, houve-se e muito falar sobre “empoderamento” da mulher, palavra extraída do inglês empowerment.
Mas, é bom sempre lembrarmos que empoderar a mulher é muito mais do que brigar por igualdade de direitos no mercado de trabalho! E muito mais do que ensiná-la como seduzir um homem!
Para empoderar uma mulher, é preciso ter um olhar para a educação que as meninas e os meninos recebem desde pequenos, todos os dias!
A mulher precisa ser empoderada, desde que ela ainda é uma menina, é preciso cuidar de sua autoestima e autoimagem, valorizar suas qualidades, respeitar seus direitos, e principalmente os direitos ao próprio corpo, do qual ela deveria ser dona!
Mas, será que quando os pais tratam as meninas em casa, de forma diferente dos meninos, quando elas recebem mais tarefas em casa, do que os meninos, quando ainda escutamos de pais, tios, avós e mães, falando para os meninos coisas do tipo: “esse menino, quando crescer, vai ser o terror das meninas”, “esse aí vai dar trabalho pras mulheres”!
Será que a gente está empoderando e respeitando os direitos da mulher com essas frases? Definitivamente, não!
Eu sei que os adultos não fazem isso por mal, é a cultura! Mas, as pessoas precisam começar a refletir, sobre o quanto essas e outras frases são machistas e o quanto elas acabam dando poder aos meninos em relação às meninas, em casa, na escola e em todos os ambientes. As crianças vão assimilando os ensinamentos recebidos, de maneira inconsciente, essa educação vai sendo interiorizada na mente dos jovens e dos futuros adultos.
A violência de meninos, contra meninas nas escolas é uma realidade! E o que falar do ambiente universitário? Esse é um problema antigo, mas as estatísticas começam a mostrar uma realidade de medo das jovens, em relação a muitos rapazes na faculdade. E muitas entidades fecham os olhos sem saber o que fazer ou por pura omissão, como foi o caso de recentes denúncias de estupros em universidades reconhecidas do país.
Ninguém coloca uma filha na faculdade para ser maltratada, desrespeitada e estuprada!
Em festas de alunos em muitas faculdades, muitos rapazes se juntam para combinar como colocar droga nas bebidas das meninas para elas desmaiarem e depois serem abusadas! Ou seja, elas vão para se divertir e acabam sendo dopadas e abusadas! E o que se ouve das pessoas depois? A sociedade “cai em cima” da mulher, da vítima, dizendo que “ela facilitou”, “que ela pediu”, “não devia ter bebido” (até porque nem sempre é o caso!). Mas, não importa a situação! Isso é um absurdo! É a própria sociedade machista, representada por homens e mulheres, dando o aval para o abuso!
A violência contra meninas e mulheres está em todos os lugares.
Vale ressaltar que nenhuma mulher, em nenhuma situação que ela esteja e independentemente da roupa que ela esteja usando e, mesmo que ela esteja embriagada, nenhuma mulher merece ser estuprada! Qualquer desculpa dada para justificar o estupro não pode ser justificada!
Na semana passada, o Brasil ficou aterrorizado com a notícia da adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro que foi estuprada por mais de trinta homens!
Infelizmente esse não é um caso isolado! Mulheres são maltratadas de todas as maneiras e estupradas todos os dias em nosso país.
Uma Pesquisa do Senado brasileiro estimou que mais de 13,5 milhões de mulheres já tenham sofrido algum tipo de agressão por parte dos homens, geralmente maridos, namorados, colegas de faculdade, vizinhos ou parentes.
Vamos começar a fazer alguma coisa! E que tal começar pela seguinte reflexão: quem está educando esses homens? Como pais e mães podem educar os seus meninos para que, quando eles cresçam, eles não se achem no direito de abusar ou maltratar as mulheres?
As mulheres estão precisando de ajuda! Vamos cobrar que os nossos governos façam campanhas constantes de educação para os pais, por todo o país, para que as meninas e as mulheres sejam respeitadas em seus direitos humanos. Vamos fazer a nossa parte dentro de casa, porque é nossa obrigação! Lutar para que as escolas tenham educação sexual, pois a educação sexual cuida da saúde, do bem estar e da humanização dos relacionamentos.
Meninos precisam respeitar as meninas da família e as meninas de fora de casa também, que fique claro!
Enquanto as pessoas continuarem a dizer frases do tipo, “ela pediu, ela não se deu o respeito”, a sociedade estará incentivando os homens a continuarem cometendo crimes de violência contra as mulheres! Vamos parar de jogar a culpa na vítima!
Vamos arregaçar as mangas e educar os nossos meninos e meninas a respeitarem a integridade física e os direitos humanos de todas as pessoas!
E finalmente, vamos entender de uma vez por todas; quando uma mulher diz NÃO, isso sempre vai significar NÃO, independentemente da situação!
E ponto final!
Carmen Janssen.