06/05/2012
Hoje eu quero falar com você sobre um problema mundial de saúde pública; a violência contra a mulher.
Talvez você esteja pensando: “isso não me diz respeito”. Desculpe, mas se você pensa assim, você está enganado. Esse é um problema que afeta toda a sociedade.
Neste artigo quero ajudar as pessoas aprenderem a reconhecer todos os tipos de violência contra a mulher, principalmente a violência psicológica que é invisível.
Em nossa cultura, a violência doméstica está tão enraizada que muitas vezes, atitudes agressivas direcionadas à mulher, não são reconhecidas como atos violentos, que ferem a sua dignidade e os direitos humanos.
A violência doméstica atinge mulheres de todas as idades, graus de escolaridade, etnias e classes sociais.
De acordo com a Convenção de Belém do Pará, entende-se por violência contra a mulher: “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano, sofrimento físico ou psicológico à mulher, tanto na esfera privada como na pública.”
A violência doméstica pode ocorrer dentro ou fora de casa, geralmente está relacionada aos relacionamentos ligados por vínculo de afetividade, amizade ou parentesco (marido, namorado, pai, tio, primo, filho, “amigo”). Ela se apresenta de diversas formas: física, sexual, psicológica, moral e patrimonial.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de 70% das mulheres assassinadas em todo o mundo são mortas por seus maridos.
Em nosso país, a situação também é assustadora. De acordo com a Fundação Perseu Abramo, a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente em nosso País. Esses números referem-se somente aos casos notificados, pois muitas mulheres sofrem em silêncio.
O governo brasileiro vem adotando nos últimos anos, políticas públicas para a erradicação da violência contra a mulher. Contamos também com a incansável luta das feministas, os movimentos de organizações não governamentais (ONGs) que lutam para erradicar esse problema. Felizmente, já podemos contar com a lei Maria da Penha, que apesar de muito recente (2006), vem mostrando resultados positivos. Mas, ainda estamos muito longe do que seria o ideal.
Um levantamento efetuado há alguns anos atrás, pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, mostrou que as vítimas de violência doméstica são agredidas, na maioria das vezes, em casa, pelo marido, companheiro ou namorado. Os números indicam que 75% das vítimas são mulheres e que 67% delas apontaram o parceiro como o agressor .
Em nosso país subsiste ainda a idéia de que a mulher deve ser subordinada ao homem.
Infelizmente, a maioria das pessoas ainda não sabem reconhecer todos os tipos de violência, principalmente a psicológica, que chamamos de invisível, pois ela não deixa marcas no corpo. Mas, fere a alma e a autoestima da mulher, prejudicando a sua qualidade de vida.
Por essa razão, extraí do meu livro Inteligência Sexual, alguns trechos e algumas dicas que podem ajudar as pessoas a identificá-la.
– a violência física deixa marcas visíveis no corpo da vítima (estrangulamento, queimaduras, marcas roxas no corpo, espancamento, mordidas, facadas ou tiros).
– a psicológica (humilhações, comentários depreciativos sobre a capacidade ou sobre o corpo da mulher, comparações com outras mulheres, brincadeiras de mal gosto, constantes).
– a sexual (quando o homem usa a força para obrigar a mulher a fazer sexo com ele ou a praticar determinados atos sexuais contra a vontade dela sem respeitar os seus limites, mesmo que seja a sua esposa.
É importante ressaltar que o casamento ou o namoro, não são pré-requisitos para a mulher satisfazer todas as vontades do parceiro, sejam elas sexuais ou não.
– o assédio sexual (comum em muitas empresas) também é considerado violência contra a mulher.
– a violência moral, também é psicológica. Contudo, esta ultrapassa os seus limites, pois ela consiste em calúnias, difamações e manifestações de desconfiança, por parte do parceiro, afetando a honra e a reputação da mulher.
– a patrimonial é quando o homem destrói documentos pessoais da parceira ou retém objetos e recursos econômicos com o objetivo de limitar a sua liberdade.
Algumas dicas de atitudes que ferem os direitos de liberdade da mulher:
– todas as formas de coerção e controle, tais como: invadir e-mails pessoais, controlar ligações no celular, implicar com as amizades da parceira, proibir que ela use certos tipos de roupa ou proibi-la de sair ou ir a lugares, etc. Cuidado, pois o controle muitas vezes vem disfarçado de ciúmes. É preciso lembrar que somos seres livres, temos o direito de ir e vir.
Vale lembrar que em muitos relacionamentos, são as mulheres que praticam a violência contra o homem. Existem também casais que vivem se agredindo mutuamente. Em outro momento, falarei sobre a violência contra crianças, idosos, adolescentes e os homens. Mas, neste artigo, meu foco é dar dicas para contribuir com a erradicação da violência contra a mulher, pois as estatísticas mundiais mostram, de forma muito clara, que as mulheres e meninas são as maiores vítimas.
Mulher: se em seu relacionamento afetivo, você não sofre de violência física, mas você não se sente à vontade com o seu parceiro, se você costuma ter sentimentos de inferioridade ou submissão, por menor que sejam, saiba que tem algo errado com você. Mas, pode também ter a ver com a forma como ele a trata. Como saber?
Em primeiro lugar, verifique se é você que tem sentimentos de inferioridade que a fazem sentir-se inadequada em relação ao seu parceiro. Pode ser que você esteja precisando melhorar a sua autoestima. Talvez uma terapia, possa ajudá-la a entender melhor os seus sentimentos.
Mas, se a questão é a maneira como ele a trata, abra o seu coração, converse com ele, fale como você se sente nesse relacionamento e como gostaria de ser tratada. Proponha algumas mudanças. Se não funcionar, caia fora, pois a vida é curta, existem pessoas maravilhosas e você merece ser feliz.
Homens e mulheres não são iguais, mas devem ter direitos iguais e respeitar-se mutuamente.
A mulher que é agredida ou os vizinhos ao perceber que uma mulher está em perigo, devem ligar para o número 180 (Central de Atendimento à Mulher). A ligação é gratuita, funciona 24 horas, todos os dias da semana e você não precisa se identificar. Ajude a salvar uma vida.
Converse sobre este assunto com seus familiares e amigos. Leve este artigo para a escola, faculdade e trabalho. Façamos a nossa parte, pois a violência doméstica está mais próxima do que você possa imaginar.
[button url=”https://carmenjanssen.com.brartigos-e-materias/” style=”purple” size=”small” type=”” target=”_self”]Voltar para Artigos[/button]