O assédio moral não é um fenômeno novo no trabalho e constitui uma violência moral. No Brasil, esse assunto começou a ganhar força somente a partir do ano 2000 e, atualmente, existem diversos projetos de lei em andamento contra o assédio moral, sendo que vários já foram aprovados.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), as pesquisas sobre as novas políticas mundiais de gestão no trabalho apontam que nos próximos anos, os quadros de saúde da população não são nada animadores, pois apresentam um predomínio de problemas psíquicos, tais como ansiedade, depressão e outras doenças que trazem consequências negativas, tanto para a saúde mental e emocional, quanto à física.
O assédio moral no trabalho é um problema mundial e um tema bastante extenso, abarca desde as condições desumanas de trabalho em empresas no mundo todo, que expõem seus funcionários a situações de alto risco de acidentes e a condições insalubres. Outro fator é o estímulo à forte competição que acaba, comumente, fomentando comportamentos desleais dentro da empresa.
O assédio moral pode se apresentar de formas diferentes, mas sempre de maneira constante, ocorre quando o profissional é exposto a situações constrangedoras. Quando o assédio parte do seu superior hierárquico é comum que este último exija do funcionário o cumprimento de metas impossíveis com o intuito de desestabilizá-lo, para que ele se demita.
Também acontece de maneira horizontal, motivado pela inveja ou ambição de “colegas” de trabalho que costumam isolar a vítima na tentativa de prejudicá-la de alguma maneira, para eliminá-la do emprego. Ou pode ocorrer de maneira ascendente – apesar de ser bem menos freqüente – que é quando um grupo de subordinados tenta “puxar o tapete” do seu superior hierárquico para que um dos membros tome o seu posto.
O problema é que o assédio moral, muitas vezes, aparece de forma bastante sutil, sendo difícil para a vítima provar o que está acontecendo. Mas, apesar do medo de perder o emprego e do constrangimento de falar sobre o assunto, a pessoa que se sente humilhada deve procurar ajuda. Um dos caminhos é informar-se na internet sobre o tema, pois o conhecimento traz maior segurança para falar sobre o problema.
Se for possível, primeiro deve-se conversar com calma com a pessoa que o está “atacando”, ou seja, fazer uma tentativa para resolver a situação de forma civilizada, mas se não resolver, deve-se procurar o superior hierárquico. E se ele for o assediador, também é melhor falar com ele primeiro.
Mas, se não resolver, o funcionário deve procurar o departamento de RH ou de Serviço Social, dependendo de cada empresa. E finalmente, se for necessário, consultar um advogado.
De acordo com algumas pesquisas os homens assediados têm mais dificuldade do que as mulheres para falar sobre o problema. Eles sofrem calados, o que é ainda mais nocivo para a saúde. Conversar sobre o problema com algum adulto em casa ajuda a desabafar, a aliviar a angústia e, muitas vezes, a encontrar soluções para a situação.
Por outro lado, a empresa também responde pelo assédio. Portanto, ela tem a responsabilidade de criar medidas de conscientização, que previnam o assédio moral e contribuam para o fomento de um ambiente mais humano, saudável e solidário entre as pessoas.
Carmen Janssen
*Matéria publicada em minha coluna do jornal A Folha de Campinas, em 14/11/13.