O ritmo de vida acelerado, o excesso de informações e as inúmeras cobranças da vida moderna têm contribuído para o aumento da ansiedade das pessoas em nossa sociedade. Somos expostos a inúmeros estímulos, mas será que o nosso cérebro consegue processar tanta informação? Não.
A ansiedade para desempenhar em tempo hábil e de forma eficaz tudo o que é preciso e o sentimento de frustração por não conseguir dar conta de todas as exigências que nos são impostas, pode desencadear baixa autoestima, tristeza e até depressão.
A palavra depressão ficou banalizada, é muito comum ouvir as pessoas dizerem que estão deprimidas, quando na maioria das vezes elas estão tristes.
A tristeza é um sentimento normal, todos nós ficamos tristes em determinadas situações. A tristeza tem como raiz causas externas e pode ocorrer pela morte de um ente querido, término de um relacionamento, perda de emprego, violência, decepção. Mas, quando se torna muito prolongada, pode desencadear um quadro depressivo. Felizmente, não é o que acontece na maior parte das vezes, com o passar do tempo aprendemos a elaborar a situação e vamos, aos poucos, nos reestruturando internamente.
Os sintomas de uma crise de tristeza podem ser muito parecidos aos da depressão, desânimo profundo, ausência de libido, insônia, perda do apetite, dificuldade de concentração, choro e angústia.
Mas, a depressão é uma doença que deve ser tratada. Acredita-se que fatores genéticos também podem desencadeá-la.
Quando a pessoa entra em estado de melancolia (fase anterior à depressão) passa a sentir uma sensação de vazio e um esgotamento da vontade de viver, é um momento muito delicado.
Vale ressaltar que a depressão se apresenta de forma diferente em cada ser humano e pode ter grau leve, moderado ou alto. Infelizmente em nosso país é muito fácil comprar remédios antidepressivos sem receituário médico. A dificuldade de falar sobre problemas emocionais, o investimento financeiro com psicoterapia e principalmente a busca por soluções rápidas, leva as pessoas a se automedicarem, o que é muito perigoso.
Um exemplo típico é o de pessoas que sofrem de transtorno bipolar, mas não sabem que têm o problema, ao tomarem medicamentos antidepressivos, podem entrar em estado de surto e sofrer um desequilíbrio muito grande, podendo até morrer.
Tristeza não é doença e o melhor remédio é aceitá-la como um sentimento normal, saudável, é preciso ter paciência para elaborar o luto. Mas, se a tristeza for profunda, ocorrer na maior parte do dia e no mínimo por duas semanas, é aconselhável procurar ajuda psicológica ou um psiquiatra, para não permitir que a depressão se instale e se já estiver instalada, possa ser tratada o quanto antes.
Carmen Janssen
Artigo publicado em minha coluna no jornal A Folha de Campinas.
*É permitida a cópia, desde que citada a autoria.